domingo, 26 de outubro de 2008

O que se pode fazer em 38 anos

Comemorei ontem 38 anos de licenciatura, ocasião para recordar esses 38 anos. Ou alguns mais.
A escola primária 33A, ali nas Antas, o Liceu Nacional de Alexandre Herculano, e a Universidade do Porto, 3 anos na Faculdade de Ciências mais 3 anos na Faculdade de Engenharia (último curso de 6 anos). Professores à moda antiga na Faculdade de Ciências, Jayme Rios de Souza, Arala Chaves, Pires de Carvalho, Moreira Araújo, Cipião de Carvalho, Miranda, e Engenharia à moda antiga na Faculdade de Engenharia. Uma guerra com o Ministro da Educação da época (Veiga Simão) e uma reforma curricular arrancada a ferros. Em pleno 1970!
Depois o ensino e a investigação. No sub-grupo C (Correntes Fracas) do 6º grupo da Faculdade de Engenharia e no projecto Análise e Síntese de Sistemas Lógicos, Analógicos e de Informação do Instituto de Alta Cultura (depois, INIC - Instituto Nacional de Investigação Científica). Um doutoramento para fazer e uma guerra em África à espera.
As contradições e as inevitáveis rupturas. Doutoramento, como? E a Assembleia dos Assistentes da Faculdade de Engenharia, para uma nova esperança. E subitamente, Abril de 1974. Conselho Directivo Provisório da Faculdade de Engenharia. Director do Departamento de Engenharia Electrotécnica. Doutoramento, quando?
Setembro de 1977, Universidade do Sussex. Até Abril de 1981.
Regresso, a um País em mudança, à procura de um destino, como sempre. Uma experiência no mundo empresarial, na engenharia biomédica. E em 1986, Portugal na CEE. Hora dos projectos europeus. CNMA - Communications Networks for Manufacturing Applications, o primeiro. Em 1992, CCP - Centro de CIM do Porto, o maior.
Presidência do CCP em 1995. Agregação em 1998. Direcção do IDIT em 2000. Avaliação de projectos: JNICT, AdI, Comissão Europeia, INTAS, governo da Roménia. E agora o DEI - Departamento de Engenharia Informática. Mais desafios.
(e não é que até já tenho direito à reforma?)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Já nada é como dantes!

Lá se foi o dogma! O teorema da amostragem de Shannon, a frequência de Nyquist, tudo aquilo em que acreditamos durante tanto tempo (eu já explico) afinal não serão verdades absolutas. Vem um tal Emmanuel Candès, e estraga tudo!
A ideia de que para ser representado sem erro um sinal deve ser amostrado a uma frequência pelo menos dupla da sua frequência máxima foi posta em causa. E realmente convenhamos: a que propósito nos esforçamos para amostrar um sinal de áudio a 44100 amostras por segundo, o que origina que, por exemplo, uma faixa de música de 3 minutos, 2 canais, 16 bits por amostra, ocupe qualquer coisa como 180x2x44100x2 bytes, ou seja, uns 32 MB, para depois deitarmos fora 90% dessa informação e ficarmos com um ficheiro mp3 de 3 MB com a mesma qualidade musical?
Aparentemente, estavamos a jogar demasiado pelo seguro: a habilidade consiste em fazer o mesmo usando menos dados, desperdiçando menos. Óbvio!
É este o problema de hoje. Menos força bruta e mais inteligência! Conhecimento. Estava-se mesmo a ver, não é?

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Empowerment

Ultimamente tem-se falado muito de empowerment. É um conceito complexo, que diferentes pessoas e comunidades vêem de diferentes maneiras. Muito ligado ao Programa Equal.
Se procurarmos traduzir para português, percebemos. Há quem use empoderamento, o acto de conceder o poder a alguém,  e há quem use apoderamento, o acto de ganhar o poder de alguém. E mesmo a palavra inglesa é entendida nestes dois sentidos: um inglês entende-a mais no primeiro sentido, e um irlandês entende-a essencialmente no segundo. Curioso, não é? Vale a pena ler aqui.
É que empowerment, autonomia, decisão, são pilares da dignidade humana.
Conheço um grupo de pessoas que se dedica a promover o empowerment como forma de desenvolvimento individual e colectivo. Encontra-se num projecto chamado Autonomus, e numa rede social com o mesmo nome, onde todos são aceites. Registem-se e venham ver o que se passa. 

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Serviço de qualidade

Aconteceu-me em Brighton, onde vivi quase quatro anos, entre 1977 e 1981.
O telefone que estava a utilizar para ligar para casa engoliu as duas moedas de 10p que eu tinha, e nada. Desesperado, liguei para o operador, a quem disse o que se passara. Pediu-me o nome e morada, e o número para onde pretendia falar. Fez a ligação e deixou-me falar todo o tempo que quis. Dois dias depois, recebi em casa selos do Royal Mail no valor de 20p!
Afinal, custa tão pouco ser civilizado.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Transparência

Em Julho estive em Seoul, na Coreia.
No metro, fiz uma manobra errada numa saída, e de repente vi-me do lado de dentro e com o bilhete já marcado como se tivesse saído... acontece.
Como sair? Estava eu a pensar nisso, salto ou não salto, quando me aparece um coreano a dar-me ajuda. Muito simples: ali naquela porta há um botão vermelho e se o premir a porta abre e sai...
Lá fui eu. Premi, a porta abriu, e durante uns segundos uma sirene apitou e toda a gente olhou para mim...
Claro que ninguém me ligou. Percebia-se logo o que tinha acontecido.
Mas é bem pensado. E transparente.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

População que viveu desde sempre

Sei que o mundo é habitado por aproximadamente 6 700 milhões de seres humanos, mas não tinha ideia de quantos seres humanos terão vivido desde sempre. As fontes de informação que consultei (comecei aqui) levam-me a acreditar que este mundo em que vivemos é um legado de uns 100 000 milhões de seres humanos, cujas contribuições individuais no pequeno período de tempo em que cada um viveu permitiram criar todo o nosso conhecimento colectivo e construir a sociedade actual tal como a conhecemos.
Esta história terá começado há cerca de 200 000 anos, e pensa-se que há cerca de 70 000 anos enormes vicissitudes ameaçaram a população existente, que terá então ficado reduzida a qualquer coisa como 2000 seres, num último reduto algures em África. 10 000 anos depois, a população começou a crescer rapidamente e a expandir-se, assinalando o fim da Idade da Pedra.
A actividade humana esgota-se em duas frentes, a criação do conhecimento e a construção da sociedade. O ciclo de vida individual - nascimento, acasalamento, reprodução, morte - é o verdadeiro segredo da vida e o motor de toda essa actividade.
E vale a pena pensar como tudo isso se processará. Se e como poderá cada um contribuir. Sabemos? Pensamos?
Mas nada me espanta mais do que a comparação daqueles 100 000 milhões com os 700 000 milhões de dólares que o plano Paulsen prevê que serão necessários para começar a corrigir as asneiras realizadas por um pequeno número de aprendizes de financeiros. Nada mais nada menos que 7 dólares por cada um dos seres humanos que nos últimos 200 000 anos viveu à superfície da Terra!
Tenhamos juízo!