domingo, 22 de maio de 2016

Plano B

Sempre que ouço falar em plano B vem-me à memória a tristemente célebre ideia do ministro das finanças em 2011 de fixar uma fasquia para as nossas taxas de juro, 7%, que se fosse ultrapassada nos obrigaria a pedir o resgate de Portugal. Dito e feito. Foi, e bem depressa.
Estou convencido que esta coisa de se revelar a alternativa, o plano B, nunca funciona!
Imaginemos por exemplo que o governo anunciava que se a coisa corresse mal aumentaria o imposto para os automóveis de valor superior a 25 000 €. O efeito imediato seria que todos os que tinham em vista tal aquisição a antecipariam para evitar o imposto, e lá se iria o efeito pretendido.
É evidente que há plano B. Todos temos um plano B sempre. Na nossa vida pessoal, nas empresas, e no governo. Para as pequenas acções e para os grandes projectos. E um plano C, caso o B também não resulte.
O que me incomoda é esta ideia dos jornalistas, e dos economistas comentadores, de quererem saber quais serão as medidas que o governo tem na manga para o caso de haver um desvio nas suas previsões.
Esta atitude radica no conceito de que todo o funcionamento da economia se explica numa folha Excel e que, portanto, tudo é muito fácil, tudo o que os governos têm é má vontade. Mas não é. As decisões tomam-se no momento. Formulam-se hipóteses, imaginam-se cenários, consideram-se alternativas, mas as decisões só se tomam no momento.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Egoismos

Vi agora que há quase meio ano que não deixo aqui os meus comentários.
Entretanto, tudo mudou, e nada mudou. No nosso País, e no mundo.
Por cá, novo governo, novo presidente, novo discurso, um sentimento de que afinal haveria alternativa a uma austeridade tremenda, e ao mesmo tempo a noção de que não temos os recursos, especialmente os humanos, necessários para sair desta situação terrível.
Lá fora, governos que caem, políticas que falham, uma crise endémica que ameaça prolongar-se por tempo indefinido, o reconhecimento de que tudo está mal, e a mesma incapacidade de encontrar o caminho alternativo que se reconhece quase unanimamente como necessário.
O sistema bancário desregulado, as economias de casino, os "produtos financeiros complexos", a inimaginável acumulação de capitais provenientes de actividades ilícitas, as empresas offshore destinadas a ocultar fortunas colossais, são sinais de um mundo que tem meios mas não tem resposta para os problemas mais básicos, como a fome, a violência, e os fanatismos.
No centro destes problemas estão os egoismos, as coutadas, esta incapacidade de repartir o que quer que seja, nomeadamente o trabalho.
Num mundo em que cada vez mais trabalho é realizado por máquinas, de forma automática, com menos intervenção humana, trabalho normalmente penoso, repetitivo, duro, realizado em condições difíceis, não se percebe que não ganhe apoio a ideia de trabalhar menos dias por semana, distribuindo o trabalho disponível por todos, criando novas oportunidades para uma indústria ligada ao lazer e ao tempo livre.
Puro egoismo!